Ao longo da vida dos surdos e de seus familiares, alguns problemas de ordem social, psicológica e educacional são vivenciados, favorecendo o aparecimento de tensões. Dentre estas podemos citar o diagnóstico da surdez como sendo o marco inicial das mesmas.
No momento em que a mãe aguarda o nascimento de seu filho, é criada uma imagem de criança “ideal”, ou seja, que não apresente nenhuma anormalidade. Porém, se esse filho tão desejado apresentar algo fora dos padrões considerados “normais”, qual será a reação desta família, se ela for de ouvintes? E, se ela for de surdos?
Diante destes questionamentos, considera-se que o contexto familiar de ambas as situações é distinto. Se os membros familiares (pai e mãe) forem ouvintes, ao receberem o diagnóstico da surdez de seu filho, haverá dificuldade na aceitação desta criança, pois não houve nenhuma preparação emocional para esta situação. Por outro lado, no contexto familiar de surdos, os pais estão dentro de uma comunidade surda e esta situação de ter um filho surdo não vai lhes causar pânico e rejeição pelo fato de conviverem com esta condição.
Pesquisas no âmbito do desenvolvimento das crianças surdas, filhas de pais ouvintes, e crianças surdas, filhas de pais surdos, demonstram que o mesmo é significativamente diferenciado.
Na primeira situação as crianças adquirem uma menor autoconfiança, muitas vezes não estabelecem uma comunicação correta com seus pais devido, na maioria dos casos, pelo desconhecimento da Língua de Sinais, confinando-se a códigos lingüísticos pobres e às vezez inexistentes, o que irá refletir na sua escolarização. Já na segunda situação, é estabelecida uma melhor interação entre a criança e seus familiares, o que lhe proporcionará autoconfiança, bem como motivação e, além disso, terão uma forma de comunicação efetiva em Língua de Sinais.
Segundo alguns teóricos, os pais ouvintes têm anseio de que seus filhos aprendam a falar, como se isso fosse a “solução” para os problemas. Acrescentam ainda que quanto mais tarde a surdez for diagnosticada maior será o prejuízo com relação ao desenvolvimento da linguagem, pois esclarecem que, a partir de 2 ou 3 anos, a criança inicia seu aprendizado da linguagem e, se o diagnóstico tardar, os aspectos lingüísticos e cognitivos poderão ficar comprometidos.
A partir dessas considerações, observa-se o quanto é importante o ambiente familiar, as interações entre os surdos e seus pares e entre surdos e ouvintes a fim de que essas pessoas possam adquirir uma identidade e para que seu desenvolvimento psíquico, social e educacional ocorra de forma satisfatória.
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