segunda-feira, 30 de maio de 2011

É mais fácil construir crianças fortes do que reconstruir adultos quebrados”

A importância do professor no desenvolvimento infantil e na formação do caráter da criança.

A chegada do século XXI era o almejo da humanidade. Não sabíamos que chegaríamos
a ele, mas ele chegou a nós.
Os homens que viveram as décadas anteriores
são os homens do nosso presente, e questionamos suas posições ante a
educação, a saúde, a fé, a solidariedade e a família, sendo o papel desta última
o grande questionamento na sociedade atual. Como tem sido a estruturação
familiar hoje em dia? Qual o papel da família na formação do indivíduo? Que
educação de base as crianças deste século estão tendo na escola, onde muitas
famílias acreditam estar a salvação ou o remédio para sanar a dor dessas crianças
abandonadas pelo limite?

Hoje, o excesso de razão tem feito com que os pais não tenham
a convicção da correção. Psicólogos desse novo século
trazem em suas teorias o trauma da correção, afirmando
que ela, em muitos casos, pode impedir o desenvolvimento
da independência da criança, tornando-a insegura. Os pais
passam a questionar sobre o momento certo para tal correção
acontecer e se perdem no caleidoscópio de regras.
Quem transforma, hoje, as crianças em verdadeiros vencedores?
Quem são os heróis e exemplos dessas crianças,
que clamam por socorro? Quando essas crianças, na escola,
batem em um colega ou cometem pequenas infrações, será
que elas não estão gritando para serem vistas ou ouvidas e
esperam que alguém diga: “Basta!”?

Infelizmente, chegamos a um momento em que deixamos a
educação ser fanada por passeios em shoppings, no Google,
no UOL e em tantos outros sites que substituem os pais,
sites estes que têm sido o livro de ética entre as crianças e
os adolescentes do mundo atual.
E pergunto: o que os pais
e educadores têm a dizer? O título do clássico do cinema
americano Assim Caminha a Humanidade tem sido a desculpa
mais comum entre muitos, porque, muitas vezes, eles
mesmos desconhecem onde cometeram os primeiros erros.
Cometem-se os primeiros erros quando se canta e se acha
engraçado crianças cantando melodias de fácil assimilação
que denigrem a imagem do outro. Peca-se quando se permite
que os meios de comunicação dialoguem mais com os
filhos do que os próprios pais, pois, na maioria do tempo,
estes estão simultaneamente presentes e ausentes. Será que
o limite e a repreensão agora não evitarão a mala de um
camburão no futuro? Estuda-se tanto para criar estratégias
educativas relacionadas ao limite da criança, porém, no
exato momento de colocá-las em prática, pais e educadores
não conseguem. Será que, entre os pais e educadores — educadores
porque, em muitos momentos, são também os responsáveis
por esse limite —, não existe a teoria do espelho?
Seria possível ensinar uma criança a escovar os dentes apenas
dizendo como se faz? Será que esses pais e educadores,
inflados pelo excesso de informação sobre o assunto, seriam
capazes de impor limites a essas crianças se muitos deles
não os tiveram?

Houve décadas na nossa história que foram de suma importância:
as décadas de 1960 e 1970 até meados dos anos 1980.
as essas décadas foram responsáveis pelo dilaceramento
da família. No auge das transformações sociais, quando a
principal regra era quebrar as regras impostas pela ditadura
militar, a família foi dilacerada. Ganharam-se algumas
coisas, mas se perderam os filhos. Os pais daquela época
são os filhos e avós de hoje. Houve uma mudança de comportamento
e uma inversão de respeito e valores. Tudo que
uma regra familiar, como pedir a bênção ou informar
para onde se está indo aos pais, transformou-se em algo
retrógrado. O não que era para ser dito ao autoritarismo da
ditadura passou a ser dito aos pais. A mudança na moda,
a aceitação dos excluídos, a nivelação social, os hippies, o
topless, as drogas, tudo isso transformou a atitude e o comportamento
dos filhos. Infelizmente não entenderam que a
liberdade pela qual lutavam era a liberdade do respeito ao
outro.
O não é tão importante na imposição do limite como
o dar de mamar, que cria a defesa imunológica. O não de
hoje com certeza fará um adulto forte no futuro.
Aprender a receber um não ensinará a criança que a vida
nem sempre lhe dirá um sim, evitando frustrações. Aprender
a receber um não é aprender a dizê-lo também. A criança
que aprende a receber um não também o dirá às drogas, ao
álcool, ao sexo prematuro — evitando tornar-se um adulto
ninfomaníaco —; dirá não aos pequenos furtos, à desonestidade,
à falta de respeito, à mentira. Dirá não a tudo que
tentar substituir os pais.
O problema é que ser pai é muito mais do que apenas
ser “bonzinho” com os filhos. Ser pai é ter uma função
e responsabilidades sociais perante nossos próprios filhos
e a sociedade também.
Portanto, quando decido
negar uma roupa a mais a um filho, mesmo podendo
comprar e sofrendo por dizer-lhe “não”, porque ele já
tem outras dez ou vinte, estou ensinando que existe
um limite para ter. Estou, indiretamente, valorizando
o ser [...]. Porque, para ter tudo na vida quando
adulto, fatalmente ele terá que ser um indivíduo extremamente
competitivo e provavelmente com muita
“flexibilidade” ética. Caso contrário, como conseguir
tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer “não”,
se nunca lhe fizeram crer que isso é até normal? ( ZAGURY,
Tania. Os Direitos dos Pais: Construindo Cidadãos
em Tempos de Crise. p. 31–32).
São sempre necessários os momentos quase únicos durante
a semana ou os finais de semana, como comer sempre à
mesa, falar do dia de trabalho, dos amigos da escola dos
seus filhos. As relações interpessoais são de fundamental
importância. Os pais têm de lembrar que ordem dada é ordem
jamais tirada, independentemente de quem a tenha
dado. Há crianças que são criadas por tios, babás e avós,
e a presença dos pais é motivo para os conflitos familiares,
com eles sempre lembrando: “O filho é meu, é a mim que
ele tem de obedecer”.
O que chamamos de falta de limite nada mais é do que uma
forma de dizer “Olhem pra mim, estou aqui, me socorram”.
As crianças pedem socorro, os adolescentes clamam. As
crianças não precisam de manual para ser compreendidas,
precisam de pais compromissados. Os pais precisam saber
que há uma enorme diferença entre criar e educar. Crianças
educadas são fortes emocional e fisicamente, crianças criadas
são apenas fortes fisicamente e gastam essa energia de
forma errônea.
 O adulto problemático de hoje foi a criança sem limite
do passado; o péssimo pai de hoje foi a criança que não
viu um gesto de perdão entre os pais; o adulto que vemos
hoje em CPIs, envolvido em casos do mensalão, com certeza
foi uma criança sem limite. O narcisismo nas academias, as
cirurgias plásticas, os silicones são formas de aquela criança
que pedia socorro ser vista e amada. O lar conflituoso fará
adultos conflitantes consigo mesmos.

Limitar é ensinar a tolerar frustrações. É prevenir para
que, no futuro, uma dificuldade qualquer não se transforme
em uma barreira intransponível.
Limitar é ensinar que todos temos direitos, mas deveres
também. Limitar é mostrar que o outro também
deve ser considerado quando nos decidimos a agir, que
nunca devemos pensar apenas em nós mesmos, mas,
sim, compreender que vivemos em grupo — ou seja,
convivemos. É, antes de tudo, preparar nossos filhos
para o exercício da cidadania. É, pois, uma parte importante
do trabalho educacional da família. Um pai e
uma mãe conscientes não se deixam levar pelo medo do
que está acontecendo por aí afora; ao contrário, tudo o
que acontece na sociedade deve servir de base para encontros
e conversas com os nossos filhos. E, finalmente,
dar limites é dar responsabilidade, o que implica tornar
nossos filhos, mais cedo, adultos responsáveis (ZAGURY,
Tania. Encurtando a Adolescência. p. 45).
Os limites dados à criança diminuiriam, com certeza, os
problemas de incesto, divórcio, falta de compromisso com
as dívidas a serem pagas, o limite nos cartões de crédito, a
violência no trânsito, os casos de crimes passionais, a falta
de respeito ao outro, e, sem sombra de dúvida, os divãs ficariam
solitários, e os presídios como meio de reeducação
deixariam de ser o lar daqueles que foram órfãos de pais
vivos.
Então, se o desejo da sociedade é construir homens fortes,
precisamos rever nossos conceitos educacionais e travar
uma batalha contra essa invasão inovadora da modernidade
— em que tudo parece ser normal.  Os pais estão perdendo os
filhos para um fantasma que os assombra por muito tempo,
e eles não sabem como exorcizá-lo: o fantasma da ausência.
O mundo acelerado exige que se trabalhe cada vez mais
para que os filhos possam ter mais. Porém, será que apenas
isso os satisfaz? Será que não seria muito mais significativo
para uma criança uma conversa ao pé da cama ou um beijo
de boa-noite do que um celular novo? Será que uma visita
repentina à escola não faria mais efeito do que o comparecimento
na festa de final de ano? Existem educadores que
nunca viram os pais dos seus alunos. A escola passou a ser
um orfanato.
Os complexos dos adolescentes e adultos — baixa autoestima;
a insegurança para dar os primeiros passos, escolher
uma profissão, mudar de emprego; ou até mesmo fáceis tarefas
como escolher uma roupa — serão sempre reflexo da
infância sem limite. Quando percebermos que a solução para
esses conflitos é o seio de uma família bem alicerçada pelo
respeito, pelo amor e pelo afeto ao próximo, grandes conflitos
mundiais serão solucionados, porque todos eles são de
ordem pessoal. Será difícil construir uma rocha, mas colher
migalhas perdidas no caminho será sempre impossível.

Referências Bibliográficas
ZAGURY, Tania. Encurtando a Adolescência. 10. ed. Rio de Janeiro:
Record, 2004.

Os Direitos dos Pais: Construindo Cidadãos em Tempos
de Crise. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

¹ Essa citação é de autoria de Frederick Douglass (1818–1895), um
abolicionista, estadista e escritor afro-americano.

Avaliação na Educação Infantil: o portfólio
Vamos desmistificar o portfólio na Educação Infantil.

Pensar que ele pode representar um mapa que mostra o universo de cada criança, o resgate de todo um trabalho metodológico que permeia o aprendizado desenvolvido na sua especificidade, com ênfase na oralidade, na literatura infantil (contação de história), explorando atividades que envolvam o lúdico, o imaginário, a música, o teatro, as inteligências múltiplas e a criatividade existente em cada passo da criança aprendiz.
Navegar é preciso, educar não é preciso. A precisão na educação é relativa, o tempo de cada criança depende do seu relógio cronológico, do seu momento, das suas descobertas e dos estímulos pedagógicos que o educador pode e deve oferecer.
O portfólio na Educação Infantil é um caminho mapeado pelo desejo de formar, formar para a vida, para a cidadania, envolvendo educador e educando, descobrindo a diversidade implícita em cada um, respeitando as diferenças, garantindo um relatório fidedigno e coerente para o final de cada bimestre pedagógico e assegurando uma ampla análise e reflexão sobre o perfil do educando.
A dualidade que envolve o processo de avaliação traz um novo olhar, uma nova percepção do que devemos refletir pedagogicamente sobre o conceito de avaliar. De acordo com Rebeca Edmiaston (2004), “Tal processo pode ser definido como um processo pelo qual podemos observar, documentar e interpretar o que as crianças sabem, o que fazem, como raciocinam e como as atividades e as práticas da sala de aula facilitam ou impedem sua aprendizagem”.
A aplicabilidade do portfólio na Educação Infantil permite ao educador um reconhecimento do nível de aprendizagem do educando, a partir do momento em que se faz e refaz uma atividade em uma perspectiva construtivista, voltada para uma análise qualitativa, possibilitando ao educando um despertar da sua curiosidade, acompanhando seu desenvolvimento e embarcando na ampliação do desejo do outro, que sonha com voos vazantes no mundo mágico das fantasias infantis. Devemos encorajar as descobertas e a construção do seu conhecimento, motivando-o pelo desejo de aprender, descobrindo modalidades de aprendizagem, trabalhando as questões motora, visual e cognitiva, numa proposta inovadora, diferenciada e comprometida com a produção do conhecimento do educando. Como afirmaram Elizabeth Shores e Cathy Grase (2001), “A avaliação baseada em portfólio pode e deve concentrar a atenção de todos (das crianças, dos professores e dos familiares) nas tarefas importantes do aprendizado O processo pode estimular o questionamento, a discussão, a suposição, a proposição, a análise e a reflexão”.
O dia a dia na sala da Educação Infantil é revivido por um aprendizado compartilhado entre o educador e o educando, com jogos, brincadeiras, interpretação e reconto das histórias infantis (contos de fadas). Sabemos que essa prática é determinante para os educandos nessa etapa. Aguçar a leitura e sua interpretação será uma das prioridades na abertura de janelas e portas para o mundo do conhecimento, o primeiro passo para as descobertas de uma viagem sem fim no mundo encantado das letras, o início da alfabetização e do letramento.
Entendemos, enquanto conceito, que o portfólio na Educação Infantil também possibilita identificar quais os reais objetivos da aprendizagem, quais foram cumpridos e quais não foram alcançados. Ele se apresenta em três modelos: particular, de aprendizagem e demonstrativo.
• Portfólio particular é aquele que guarda informações pessoais do educando, incluindo dados sigilosos, e fica reservado na secretaria da instituição.
• Portfólio de aprendizagem (processo-fólio) é aquele que apresenta toda a coleção de atividades do educando, sua trajetória bimestral, o resultado de um processo de construção de conhecimento, realizado e analisado em três vias a cada bimestre.
• Portfólio demonstrativo é o resultado de algumas das atividades catalogadas, com grande relevância para o processo de transição do educando, e que é encaminhado para o educador que vai trabalhar com ele no ano seguinte.
O portfólio na Educação Infantil é construído (montado) em uma pasta transparente, com plásticos, cujo objetivo é anexar as atividades diversas, como recortes, colagem, fotos, atividades desenvolvidas através da linguagem oral e escrita, pictórica, matemática, todas comprometidas com o tema que está sendo trabalhado no bimestre. Esse instrumento também tem sido um dos mais utilizados pela Pedagogia Construtivista devido ao seu caráter reflexivo e dinâmico, proporcionando ao educador uma reflexão crítica sobre o material coletado e uma avaliação processual, numa perspectiva mais ampla do saber, da qualidade e construção desse saber, da forma de pensamento que caracteriza o educando.
As autoras Elizabeth Shores e Cathy Grase apresentam um processo de montagem na construção do portfólio em dez passos; com certeza, eles facilitarão sua prática pedagógica dando uma melhor compreensão do conceito de portfólio, favorecendo sua aplicação e sua avaliação.

São eles:
• Estabelecer uma política para o portfólio.

• Coletar amostras de trabalhos.

• Tirar fotografias.

• Conduzir consultas aos Diários de Aprendizagem.

• Fazer entrevistas.

• Efetuar registros sistemáticos.

• Realizar registros de casos.

• Preparar relatórios narrativos.

• Conduzir reuniões de análise de portfólio em três vias.

• Usar portfólios em situações de transição.

Sobre os dez passos apresentados pelas autoras, acreditamos que cada item possui a sua devida importância, mas acrescentamos que a parceria entre os três níveis (educador, educando e família) é aspecto fundamental para confirmação do processo transformador da avaliação na Educação Infantil, favorecendo o trabalho coletivo vivenciado lado a lado na parceria com uma “nova” meta de ensino-aprendizagem.
A proposta de apresentar o portfólio em três vias, ou seja, o encontro entre o educador, o educando e a família em reunião de análise e reflexão do portfólio é um momento pedagógico que caracteriza um dos passos de maior relevância para o desenvolvimento cognitivo do educando. A apresentação do portfólio em três vias tem um objetivo maior: a apreciação da produção do educando, com atividades construídas e reconstruídas, demonstrando o crescimento pedagógico alcançado por ele de forma gradativa. Desenvolve-se, assim, um patamar de oportunidades e descobertas que vão estimular sua aprendizagem através de cada vivência, motivando-o a um novo refazer, aumentando sua autoestima e contribuindo para uma reflexão significativa, dando início ao compromisso e à autonomia do educando. Essa prática será de grande valia para desabrochá-lo nas questões cognitivas que estão latentes na sua formação.
O educador também terá a oportunidade de refletir sobre sua prática pedagógica, fazendo uma autoavaliação sobre em que momento deverá retomar as atividades de insucesso que porventura surgirem no seu grupo de trabalho. Como redimensionar os problemas de aprendizagem para melhor contribuir com o educando e como fazer da sua prática docente um caminho permanente de aprendizagem.
A pesquisadora Kátia Stocco Smole, estudiosa da Teoria das Inteligências Múltiplas, de Horward Gardner (1994), relata que esse instrumento é também denominado de processo-fólio e reflete a crença de que os estudantes aprendem melhor, e de uma forma mais integral, a partir de um compromisso com as atividades que acontecem durante um período de tempo significativo e que se constrói sobre conexões naturais com os conhecimentos escolares.
A observação também é fundamental na avaliação da Educação Infantil, ou seja, em qualquer processo avaliativo. A observação individual ou do grupo vai possibilitar ao educador um amplo conhecimento do educando, o que, atrelado à reflexão e análise deste, trará uma grande riqueza de informações que vão diagnosticar as questões de aprendizagem que poderão interferir de ordem positiva ou negativa (sucesso ou insucesso), permitindo uma intervenção qualitativa no processo de ensino-aprendizagem do educando. Ainda acrescentamos que a observação individual do educando possibilita o seu conhecimento, privilegiando uma visão panorâmica da sua socialização no grupo, do seu desempenho físico, da sua produção intelectual, das abordagens que envolvem as inteligências múltiplas, numa perspectiva pedagógica, social e psicológica, não deixando de privilegiar a parceria com a família e todo um trabalho minuciosamente registrado e catalogado com um objetivo maior: avaliar o educando dentro de uma proposta construtivista.
O registro faz parte desse processo. Registrar todas as ocorrências, resgatar o que foi perdido, repensar o que não foi compreendido pelo educando e encontrar estratégias de aprendizagem são questões que, só através do registro diário, possibilitarão ao educador refazer sua prática pedagógica. Também irão definir o perfil do educando de acordo com o registro de suas habilidades nas atividades solicitadas. É função do educador fazer uso do registro em todo o processo de montagem para o portfólio, sendo uma recomendação de grande ajuda na sua concretização. O registro é a fonte, é o seu arquivo, é a base de um processo que permitirá a escrita de um relatório final fiel à produção do portfólio.
Contudo, fez-se jus do conceito de Hernández (2000), que referencia o portfólio como:
[...] um continente de diferentes tipos de documento (anotações pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, controles de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, etc.) que proporciona evidências do conhecimento que foi sendo construído, das estratégias utilizadas para aprender e da disposição de quem o elabora para continuar aprendendo.
Apresentamos o portfólio como o verdadeiro caminho da aprendizagem para uma Educação que prioriza a qualidade, sem rótulos, sem preconceitos, sem camuflagem, com compromisso de cooperação, respeito mútuo e afetividade,firmado entre educador, educando e família. A reflexão e a interpretação das abordagens em sala de aula são o espelho das atitudes do educando. Sua percepção analítica vai identificar como ele está raciocinando e construindo o seu conhecimento. O portfólio ainda é um recurso de maior fidelidade avaliativa. O educador que vivencia a avaliação enquanto processo, com certeza, fará desse recurso mais um aprendizado, trazendo grande contribuição ao processo de ensino-aprendizagem.
Sendo o construtivismo coadjuvante neste artigo, cabe acrescentar que o conhecimento se dá a partir de uma construção, e nunca como um produto pronto e acabado, é na ação-reflexão-ação que desenvolvemos o processo de ensino-aprendizagem, com metodologias favoráveis ao contexto do cotidiano escolar, gestando competências e exacerbando o desejo imenso de criar, produzir e agir diante da construção do conhecimento.
Em suma, é determinante para o educador, enquanto facilitador das questões pertinentes ao renascer de mais um aprendiz, permitir ao educando sua parcela de curiosidade, estimulando-o a perguntar, indagar, criticar e construir seu conhecimento em parceria com o educador. Acreditamos piamente que só será possível exercitar todo o processo se, realmente, for selado um compromisso entre educador e educando no sistema de avaliação processual, avaliação que prima pela qualidade através de momentos de satisfação, prazer, curiosidade de querer saber; logo, querer aprender.
Referências Bibliográficas
FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo. Trad. Sara C. Lima, Maria do N. Paro. São Paulo: Cortez, 2001.

DEVRIES, Rheta. O Currículo Construtivista na Educação Infantil: Práticas e Atividades. Porto Alegre: Artmed, 2004.

HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 2000.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e Mudança na Educação: os Projetos de Trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1998.

SHORES, Elizabeth & GRACE, Cathy. Manual de Portfólio: um Guia Passo a Passo para o Professor. Porto Alegre: Artmed, 2001.

SMOLE, Kátia Cristina Stocco. A Matemática na Educação Infantil: a Teoria das Inteligências Múltiplas na Prática Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.


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